segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Além das paredes da Fábrica



A fábrica delineou uma imagem de cidade com características muito próprias, que estão presentes nas lembranças dos valencianos de maneira recorrente: as idas e vindas de operários e operárias pelas ruas, o apito da fábrica – que acabou por tornar-se uma referência temporal não só para a troca de turnos no trabalho fabril, mas para a população em geral, que se orientava pelo soar do apito em suas atividades cotidianas –, a ponte que corta o rio Una com sua estrutura elevadiça para a travessia das embarcações da Companhia, a visão da fábrica como a alternativa mais promissora de emprego, todos estes  elementos revelam a relação estreita que se estabeleceu entre a C.V.I. e a população valenciana,  contribuindo para a compreensão de aspectos muito particulares da história e da cultura da cidade. As marcas históricas encontradas nas lembranças dos trabalhadores têxteis permitem vislumbrar a importância da fábrica como palco do exercício profissional desses sujeitos e, principalmente, como cenário onde se teceramrelações sociais que mesclaram exploração e resistência, conflitos e cumplicidades, submissão e enfrentamentos, disputas e afetividades. A Fábrica se estendeu para além da sua estrutura e adentrou em cada lar de Valença através de seus operários diretos e indiretos.

Fonte: AO SOAR DO APITO DA FÁBRICA: IDAS E VINDAS DE OPERÁRIAS (OS) TÊXTEIS EM VALENÇA-BAHIA (1950-1980) - Neli Ramos Paixão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário