A fábrica delineou uma
imagem de cidade com características muito próprias, que estão presentes nas
lembranças dos valencianos de maneira recorrente: as idas e vindas de operários
e operárias pelas ruas, o apito da fábrica – que acabou por tornar-se uma referência
temporal não só para a troca de turnos no trabalho fabril, mas para a população
em geral, que se orientava pelo soar do apito em suas atividades cotidianas –,
a ponte que corta o rio Una com sua estrutura elevadiça para a travessia das
embarcações da Companhia, a visão da fábrica como a alternativa mais promissora
de emprego, todos estes elementos
revelam a relação estreita que se estabeleceu entre a C.V.I. e a população
valenciana, contribuindo para a
compreensão de aspectos muito particulares da história e da cultura da cidade.
As marcas históricas encontradas nas lembranças dos trabalhadores têxteis
permitem vislumbrar a importância da fábrica como palco do exercício
profissional desses sujeitos e, principalmente, como cenário onde se
teceramrelações sociais que mesclaram exploração e resistência, conflitos e
cumplicidades, submissão e enfrentamentos, disputas e afetividades. A Fábrica
se estendeu para além da sua estrutura e adentrou em cada lar de Valença
através de seus operários diretos e indiretos.
Fonte: AO
SOAR DO APITO DA FÁBRICA: IDAS E VINDAS DE OPERÁRIAS (OS) TÊXTEIS EM
VALENÇA-BAHIA (1950-1980) - Neli Ramos Paixão.
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